O Pacheco foi com os porcos
O Luíz Pacheco é um daqueles escritores que é membro permanente da instituição literária que é a minha mesa de cabeceira, porque quando preciso dar um coice no espírito volto sempre a ele. Foi lá parar (à minha mesa de cabeceira) desde que o Sr. Luís da Livraria Ler, em Campo de Ourique ao Jardim da Parada, de quem posso dizer com todo o orgulho do mundo ser amigo, mo deu a conhecer através de duas pérolas que ele próprio editou, os Textos de Guerrilha.
Desses livros às histórias que o Sr. Luís me contou sobre o homem e às histórias surreais mais realistas que o homem imprimiu em todos os tipos de papéis foi um pequeno passo para uma grande paixão literária. Porque ninguém escreveu como o Pacheco: dos amores punheteiros ao escárnio e maldizer; das notas de 20 escudos aos 1001 livros que publicou e ajudou a publicar; do eruditismo popular ao libertinismo regrado; da cama aberta a todos ao maior cosmopolitismo vivido durante o Estado Novo; da total exposição da vida privada a uma vida privada de tudo e mais alguma coisa; da morte anunciada há anos e anos a toda uma vida que dura e dura; da miopia mais curta de vistas às vistas mais largas deste nosso Portugal; pela elegância com que se consegue dizer os palavrões mais orelhudos.
Por tudo isto, dizer que o Pacheco foi com os porcos é a melhor homenagem que posso prestar a um conterrâneo lisboeta e ex-vivente deste bairro da Estefânia que agora me abriga. E já agora obrigadinho em nome da língua portuguesa.
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