quinta-feira, 30 de agosto de 2007

2 bandas desenhadas

Já falei aqui da maravilhosa livraria que descobri em Braga, a Centésima Página. Fica aqui agora a publicidade às duas bandas desenhadas que lá adquiri e que aconselho vivamente a todos os apaixonados pela faceta mais madura (leia-se adulta) da 9ª arte.

. "Pyongyang: A Journey in North Korea" de Guy Delisle (Drawn & Quarterly), uma viagem real a um país irreal vivida, escrita e desenhada pelo próprio autor.


. "Blankets" de Craig Thompson (Top Shelf Comix), uma obra de peso (mais de 600 páginas e vários prémios) íntima, autobiográfica e amorosa. Para ler debaixo dos cobertores a meia luz.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Machado de Assis hoje no Diario de Noticias!!!

Hoje vale mesmo a pena comprar o Diário de Notícias. Não pelo jornal que continua extremamente desinteressante, mas pelo livro que é oferecido: "Dom Casmurro" de Machado de Assis. Um clássico de um dos maiores escritores da língua portuguesa por apenas 90 cêntimos. Isto é que é cultura ao alcance de todos. Está tudo a correr para a banca mais próxima.

PS - obrigado pela informação camarada Ricardo.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Stephen King e “A História de Lisey”


Já o disse antes de ir para férias que tinha cedido ao mediatismo de Stephen King através da compra do seu mais recente mega-sucesso de vendas “A História de Lisey”. Depois de o ler avidamente durante as ditas férias tenho de reconhecer que tal como me rendi ao imediatismo também me rendi à qualidade do livro. Chamar-lhe terror é reduzi-lo a uma categoria limitadora. Eu prefiro adjectivá-lo como um livro intenso, bem escrito, com excelentes soluções narrativas só ao alcance de quem sabe muito bem aquilo que faz, e com pistas que nos são lançadas a todo o momento e reveladas quando menos se espera, mas sem deixar uma única ponta solta. Um livro que se mantém numa latência perturbante constante, atingindo picos de perturbação extrema (leia-se violência e ao mesmo tempo catatonia), perante os quais só não se fecha os olhos porque estamos a ler e não a ver (se bem que não me admira nada que o filme deste livro já esteja em preparação).

A história de Lisey é a história da mulher de um escritor muito famoso (aqui King está em casa) que morreu há dois anos e que passados esses dois anos se vê obrigada a recordar toda a sua vida passada com aquele homem e o próprio passado (extremamente) obscuro desse homem, quanto tudo o que ela quer é esquecer. É a história que confirma o ditado popular, segundo o qual por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher. Uma mulher que se vê obrigada a enfrentar os fantasmas (terrivelmente assustadores) do passado do marido para poder exorcizar o seu futuro. É uma história com mundos paralelos que podem ser apenas sonhos, mas que são muitos reais, para ler sem preconceitos intelectuais e para abraçar com toda a emoção, porque as emoções aqui são fortes. E mais não digo para não estragar o prazer de uma boa leitura de Verão.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Centesima Página


Aqui fica a referência a uma das minhas grandes descobertas livrescas destas férias: a livraria Centésima Página, situada na lindíssima cidade de Braga. Foi amor à primeira vista.

É partir das arcadas da Praça da República, seguir em frente, passar o McDonalds (de nariz tapado porque o cheiro é fétido), encostar ao passeio da direita e procurar o maravilhoso edifício barroco recuperado para albergar uma das mais belas livrarias que alguma vez respirei na vida. Para mais informações basta visitar o site da Centésima Página. Mas o que vale mesmo a pena é ir lá ver, ler e estar. Até tem café e jardim e uma boa secção infantil para levar a criançada, porque é de pequenino que se aprende a gostar de ler.

domingo, 5 de agosto de 2007

Filosofia para o Verão


Depois de no último post ter indicado a minha lista de livros para as férias que já começaram, mas ainda não descolaram de Lisboa, aproveito para deixar algumas citações de um dos mais brilhantes livros que li até hoje: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis, tão obrigatório, ou ainda mais, que os Maias do nosso Eça.

Poderia estender-me aqui longamente sobre as virtudes deste romance. Mas não sou crítico, nem a isso aspiro. Sou simplesmente um aficcionado da arte de bem escrever em português. E quando essa leitura me apresenta a melhor filosofia de vida num romance impossível de parar de ler, recheado (a cada canto de página) daquele humor com que só os brasileiros nos sabem (en)cantar, e inspirado por uma técnica a que muito poucos dos nossos contemporâneos podem sequer aspirar (recordo que o livro foi escrito em 1880), estamos perante uma obra-prima.

E quando um livro nos dá tantas citações, para quê sujar este post com mais conversa? Deixo-vos com Machado de Assis. Ou será com Brás Cubas? A certa altura confesso que já não sei quem realmente está a escrever... Mais um pormenor de génio... Aqui ficam outros para mergulhar neste Verão:

“Suporta-se com paciência a cólica do próximo”

“Matamos o tempo; o tempo nos enterra”.

“A pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não para nunca: acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la”.

“Um grãozinho de sandice, longe de fazer mal, dava certo pico à vida”.

“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. (...) Somadas umas cousas e outras, quelquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.

Concluo eu: como é que um final tão negativo nos leva a dizer sins apaixonados a cada página deste livro? Basta ler...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Livros para as férias


A partir de amanhã estou de férias. E férias para mim é mesmo de tudo. Excepto da leitura, que essa faz parte do meu quotidiano, independentemente do local e do estado de espírito. É que eu sou daqueles que mesmo que não leia, os livros têm de estar ali à mão de semear, porque a sua presença conforta-me, o seu cheiro inspira-me, a sua leitura relaxa-me. E por isso mesmo que só leia um livro, tenho de levar mais do que um, não vá o Diabo tecê-las e de repente apetecer-me algo completamente diferente.

E é precisamente por gostar de tantas coisas e tão diferentes que a lista dos 4 livros que me vão acompanhar nas 3 semanas de férias que vou gozar com a família apresenta claras diferenças. E aqui vão a lista e as razões:

“A Brasileira de Prazins” - Camilo Castelo Branco

Na continuidade de “Os Maias” do Eça e das “Memorias Póstumas de Brás Cubas” do Machado de Assis, a minha lista de férias tinha de compreender um clássico e voltar ao Camilo é para mim uma obrigação regular, eu que até gosto de me afirmar mais camiliano que queirosiano.

“A Torre de Barbela” - Ruben A.
E já que estamos a falar em clássicos, este não tão clássico como os nomes atrás referidos, eis outro que está na minha lista há muito tempo. Tanto o livro como o autor, sobre os quais pretendo me debruçar com afinco tão brevemente quanto possível. Se não for durante estas férias há de ser muito brevemente. Este devo-o ao meu pai...

“A Máquina de Joseph Walser” - Gonçalo M. Tavares
Este é o livro de bolso do Verão. Para atacar na areia, num ou dois fins de tarde, entre duas idas ao mar. Bem sei que de Gonçalo M. Tavares não é das leituras mais veraneantes, mas eu associo este tipo de literatura incisiva e kafkiana à praia (por razões que são só minhas). Lá estão os contrastes que me atraem...

“A História de Lisey” - Stephen King
Este é meu best-seller para este Verão. Fui claramente levado pela publicidade favorável ao novo Stephen King e não resisti. Mas confesso que não sou virgem nestas coisas de Stephen King e do terror. Na minha adolescência Edgar Allan Poe e H. P. Lovercraft viveram muitas noites na minha mesa de cabeceira, assim como o próprio Stephen King dos tempos de “Shining”, “Dead Zone” e “Misery”. E a verdade é que seja ou não um best-seller - eu não tenho paciência para os excessos de eruditismo, nem para o constante denegrir do género terror - estes livros deste autor marcaram-me profundamente pela energia que emanam e pela capacidade de nos prender a cada linha que passa. Por isso, espero “divertir-me” com o novo Stephen King, “A História de Lisey”, a quem já não voltava há uns anos largos.

E já agora bom Verão.

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