quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Brand Taboos para todos!


Na passada 2ª feira, dia 29 de Outubro, tive o prazer de assistir ao lançamento do livro “Brand Taboos” (Booknomics, 2007), da autoria de Paulo Rocha e Carlos Coelho, os meus “chefes” durante os 3 anos em que trabalhei na Novodesign/Brandia.

Um livro que é resultado da compilação de crónicas que ambos assinaram no jornal Briefing durante 2006 e que fala sobre aquilo que estes dois homens têm andado a fazer nos últimos 20 anos: criar e gerir marcas - o que são, como se comportam, como se estimulam, como nos encantam, os segredos e taboos que encerram. Mas de uma forma informal e muito pouco académica, o que torna o livro mais estimulante à leitura, não só de quem trabalhou com eles e que se pode rever nas entrelinhas (obrigado camarada Rocha pela simpática e “revolucionária” referência pessoal no taboo “A Revolta das Marcas”), mas também e sobretudo por todos os que se interessam por estas coisas das marcas e para os novos comunicadores portugueses que chegam todos os dias ao mercado de trabalho.

Pessoalmente, o lançamento foi ainda uma excelente oportunidade para rever antigos colegas de trabalho e para dar um especial abraço ao Paulo Rocha, cujo encanto pessoal barreirense e forte humor negro (que se destaca em todas as linhas que assina no livro) fizeram da minha experiência profissional na Brandia uma das mais gratificantes da minha vida.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

A Arte de Ser Português segundo Teixeira de Pascoaes - Princípios da Literatura

“O escritor português é muito mais espontâneo e emotivo do que intelectual, o que imprime verdadeiro encanto às suas obras nascidas directamente da Inspiração e para sempre animadas do íntimo calor. Elas ganham, em expressão vivente, o que lhes falta em força dialéctica e construtora de pensamento. E por isso, em Portugal, é pequeníssima a distância entre literatura culta e popular”.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A Arte de Ser Português segundo Teixeira de Pascoaes - Princípios da Selecção Natural

“A lei suprema da Vida é (...) a lei do sacrifício das formas inferiores às superiores. (...) O rio é a morte de muitas fontes e o mar é a morte de muitos rios; mas o rio no mar é o mar”.

“O indivíduo belo e saudável transmite beleza, saúde e alegria à Família, Pátria e Humanidade. O indivíduo doente e feio como que anoitece o mundo... Tem o quer que é de criminoso”.

domingo, 28 de outubro de 2007

A Arte de Ser Português segundo Teixaeira de Pascoaes - Princípios da língua portuguesa

“Quantas mais palavras intraduzíveis tiver uma Língua, mais carácter demonstra o Povo que a falar”.

sábado, 27 de outubro de 2007

A Arte de Ser Pascoaes


Teixeira de Pascoaes (1877-1952) foi um dos líderes do movimento da “Renascença Portuguesa” com Raul Proença e António Sérgio. Hoje é considerado um dos maiores escritores e pensadores da portugalidade, que nunca precisou de sair da sua Amarante natal para poder dali contemplar apaixonadamente Portugal e o mundo.

“Arte de Ser Português”, o primeiro livro de prosa de Pascoaes (e também a minha primeira leitura deste autor), então com 38 anos (1915), foi alvo de recente edição na colecção de livros de bolso Biblioteca Editores Independentes (Assírio & Alvim, Livros Cotovia e Relógio d’Água), de acordo com a edição revista e aumentada pelo autor em 1920.

Trata-se de um pequeno livro com alma de épico, que Teixeira de Pascoaes escreveu como uma sincera e genuína contribuição para melhor compreender o que é isso de ser português, na forma de um curso tão curto como intenso, que nunca teve o eco que o autor almejou.

“Arte de Ser Português” transforma-se assim numa dissertação sobre um país com a «saudade» como palavra/conceito/filosofia que melhor define a alma pátria: “a saudade, no mais alto sentido, significa a divina tendência do português para Deus; na sua expressão decadente, patológica, representa a tendência do português para o fantasma...”.

Um país encurralado no cruzamento entre o cristão e o pagão: “Deus e o Demónio são incompatíveis em toda a parte, excepto em Portugal”.

Um país banhado por qualidades como o génio da aventura, o espírito messiânico - de que o sebastianismo é o expoente maior - e o sentimento de independência e liberdade. Mas sobretudo inundado por defeitos como a falta de persistência, a vil tristeza, a inveja, a vaidade susceptível, a intolerância e o espírito de imitação.

Um país orientado para o passado e não para o futuro, que continua envolto na névoa sebastiânica: “elevamos quimericamente as pequenas coisas de hoje à grande altura das antigas. Fingimos a grandeza e o mérito perdidos. Representamos, enfim, o nosso Drama de sombras, que dá um pouco a vida humana depois da Queda...”.

Um livro que salienta alguns traços que continuam a ser indelevelmente visíveis no Portugal dos nossos dias (questão recorrente em todos os escritores portugueses que se debruçaram sobre a portugalidade em qualquer um dos nossos 8 séculos de História), e com algumas apreciações que à luz de hoje poderiam ser lidas como nacionalistas e até racistas (sobretudo tendo em conta que houve a 2ª Guerra Mundial pelo meio), mas que devem ser compreendidas no contexto da época em que foram escritas e na pena de quem partiram. A pena de Teixeira de Pascoaes. Nem monárquico, nem republicano, profundamente português. Descendente directo do Cancioneiro Popular e de Camões. A alma pátria personificada.

“Arte de Ser Português” tem tudo para ser uma leitura e uma compra obrigatória, até porque não custa mais de 4,50 euros. Inteiramente de graça, nos próximos dias vai ser possível ler aqui no Todos os Livros alguns princípios enunciados por Teixeira de Pascoaes neste pequeno grande livro.

Aos portugueses interessados, aceitam-se a agradecem-se comentários e adendas aos trechos que irei postar, porque a arte de ser português também é nossa, quer queiramos ou não.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Apaixonado com Camões

"Eu não amo como os mais,
Que eu no amar sou diferente,
Todos amam por enquanto,
Mas eu amo eternamente"

Uma quadra camoniana para a minha apaixonada que está a precisar do meu amor mais do que nunca.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Como compreender o Islão, segundo a New York Review of Books


Uma das minhas consultas internáticas habituais é o site da New York Review of Books. Não só para estar a par do que se fala e escreve na literatura anglo-saxónica, como para ler alguns artigos que nos dão uma outra luz sobre o que se passa no mundo. É precisamente este o caso do artigo de Malise Ruthven (Volume 54, Number 17 · November 8, 2007), que a partir da recensão de 5 livros sobre o Islão, nos demonstra de uma forma descomprometida e descomplexada que para compreender o Islão há que ir muito além (ou aquém) do 11 de Setembro. Para ler em paz e sem fundamentalismos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Gunther Grass - "Descascando a Cebola"


“A memória assenta em memórias que, por sua vez, vão à procura de outras memórias. Assemelha-se assim à cebola que, a cada casca que cai, põe a nú coisas há muito esquecidas, até aos dentes de leite da meninice; mas depois a faca afiada ajuda a conseguir um outro propósito: cortada, camada por camada, provoca lágrimas que turvam a vista” (p.246).

Esta citação explica como se deve ler e entender a maravilhosa autobiografia de Gunther Grass, “Descascando a Cebola”. Se os provérbios e as frases-chave podem não passar de constatações óbvias, o óbvio é por vezes aquilo que mais é difícil de entender para muita gente. Tenho por isso de começar este texto com a constatação de que é a ler que a gente se entende, sendo que a primeira poucos fazem e a segunda menos ainda. Talvez seja por isso que este obra seja meramente publicitada como aquela onde o Nobel da Literatura de 1999 revela que pertenceu às SS no final da guerra, quando tinha 16/17 anos.

Muito mais do que esse facto, ou até a recente, inútil e académica querela sobre a tradução do livro, o que fica demonstrado em “Descascando a Cebola” é precisamente a razão, mais uma vez óbvia, porque este senhor foi galardoado com o prémio máximo da literatura mundial. Porque parte de uma simples metáfora para dar ao mundo um livro onde expia os seus pecados, desejos e ambições, que são dele e só a ele pertencem. E mesmo assim ele revela-os, revelando-se assim um verdadeiro humanista do Sec. XX, na melhor tradição alemã, que caiu na mesma tentação hitleriana em que cairam 99% dos alemães.

O que fica para a história de “Descascando a Cebola”, uma biografia que se lê com a paixãod e um romance, é a total exposição do eu, com revelações tão ou mais profundas e intimistas do que o facto de ter pertencido às SS, facto que aliás fica mitigado logo desde o início do livro, tal como os moínhos de Dom Quixote são apenas um pequeno episódio no início de um livro muito maior. O que nos enternece em “Descascando a Cebola” são as referências que Grass foi recolhendo para os livros que foi escrevendo ao longo da vida. As dúvidas e certezas sexuais. Os primeiros amores. A mão que consolou muitas vezes o desejo inconsolável. As personagens que lhe marcaram a personalidade. Os pais, a mulher, os filhos e os netos. A revelação do holocausto. O vício do tabaco. A pungência da fome passada no pós-guerra, tanto a fome por comida como a fome por arte. As artes industriais aprendidas para poder chegar à arte da escrita.

Afinal o que interessa “Descascando a Cebola” é que estamos perante um fresco que nos ajuda a compreender o que foi viver na Alemanha entre 1939 e 1959. Um fresco pintado letra a letra por um escritor maior como Gunther Grass, um alemão que nasceu numa cidade (Danzig) que hoje faz parte de outro país (Gdansk), que se descasca completamente perante o leitor e dá-se a conhecer sem qualquer camada, já que a cebola é toda descascada. E as lágrimas que a cebola provoca não são do leitor, por eventualmente ficar indignado pelo autor ter pertencido às SS e ter participado activamente na guerra. Pertencem sim ao autor, por revelar memórias que ainda hoje, já com 80 anos, lhe custam amargamente revelar.

O mais curioso disto tudo é que apesar de tanta camada de cebola e tanta amargura, não consigo deixar de me sentir feliz por me ser dado a ler um livro assim de um escritor assim. Obrigado Gunther Grass. O tambor há de continuar sempre a bater.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Porque é que será que leio este texto e continuo a achar que o Eça é que ainda hoje tem razão?

"Portugal vale a pena" (Nicolau Santos-Expresso)

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.

Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.

Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus. Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados.

E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais.

E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).

Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa
por via informática.

Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.

Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que
desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que
produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis.

E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal.

Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.

Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.

E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos

e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos.

É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.

Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.

Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.

Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons serem também seguidos?

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